Liderança, o poder da integração
Reconhecendo os Limites Pessoais e seus Excessos

Estamos nessa série de 8 posts tratando de intervenções de liderança na prática.
Hoje queremos abordar uma questão um tanto delicada e ao mesmo tempo, necessária, em relação à integração com o time, que é o reconhecimento dos Limites Pessoais no Exercício da Liderança.
Muitos problemas de gestão e resistências na integração estão encobertos nas organizações, não que estes problemas não sejam percebidos, mas por questões de “poder, autoridade, hierarquia”, afinal, "manda quem pode e obedece quem tem juízo"... entre outras representações impostas ou imaginárias que permeiam o ambiente de trabalho.
E, quais são as queixas mais comuns? O que determina os níveis hierárquicos ou limites do outro? Como Identificar? Quais seriam as abordagens mais adequadas ou quais seriam as melhores intervenções a fim de extrair o máximo do potencial sem prejudicar a qualidade das interações no ambiente corporativo, isso é, sem gerar constrangimentos desnecessários?
Perceba, como as situações descritas abaixo podem lhe parecer e quais os possíveis desdobramentos a longo prazo?
- Ser monitorado durante todo o tempo (áudio e vídeo) a fim de saber quando você se levanta e se senta, como e com quem você fala ao telefone, qual o seu tom de voz? Sua voz tem que ser audível para esse sistema remoto de controle, tem que ser captado pelo áudio da câmara?
- Ser constantemente advertido a tomar cuidado com o que você diz, como você diz, quando você diz... (Alô, é do BBB? rsrsrsrs, estou rindo de nervoso, aqui).
- Ser interrompida a cada 8 palavras ao telefone, por falta de um script padrão, e novamente saber que você não está fazendo a abordagem correta. De novo?
- Se a cada 2 horas no máximo, seu líder direto lhe aborda para saber o que você já fez, o que está fazendo e o que fará na sequência?
- Se quando você lhe entrega um atestado médico, passa por uma "nova consulta, investigativa”, para garantir que de fato era necessário se ausentar para tal?
- Se quando não pode exceder em sua jornada, tem que ouvir sobre responsabilidade, competência, mesmo que as solicitações lhe chegam sempre ao final do expediente?
- Quando você se reserva ao direito de não comparecer ao happy hour e precisa prestar esclarecimentos sobre seu engajamento no dia seguinte.
- Quando você prefere produzir com mais foco e individualmente, para agilizar suas entregas e, no entanto, deve dar satisfação a todos da equipe e ainda assim, te excluem na tomada de decisão.
- Esses e muitos outros exemplos negativos, podem acarretar problemas sérios e até se caracterizarem como assédio moral, dependo a forma com que as pessoas são interpeladas.
Agora, a pergunta que não quer calar: Você conhece as pessoas do seu time?
- Formação, habilidades e competências: muitos contratados almejam escalar profissionalmente, se submetem a atividades e a uma determinada rotina, na expectativa de progredir, mas se veem imersos em responsabilidades profissionais que lhes impedem progredir, se tornando insubstituíveis onde estão, estagnados.
- Conhecer os anseios, pelo que essa pessoa trabalha, o que a motiva: Filhos, casa própria, liberdade financeira ou fonte de renda? O que move essas pessoas? Pelo que, estão trabalhando e comprometidas?
- Quais são suas batalhas diárias para chegar ali e fazer acontecer? Existem responsabilidades além do ambiente de trabalho, o que tem consumido sua equipe? Como eles lidam com as adversidades e conquistas do dia-a-dia? O que tem sido compartilhado?
- Entende se ela está além ou aquém de suas entregas ou atribuições: Suas entregas correspondem ao seu descritivo de função? Está acima ou abaixo das expectativas?
- Vocês se comunicam? Quando ou como você fez sua última abordagem a um membro da equipe, foi de forma amigável ou de maneira invasiva e direta?
O que pretendemos aqui, é apenas evidenciar, ou chamar a atenção para alguns comportamentos invasivos no que se refere à privacidade ou excesso de controle. É preciso saber trabalhar suprindo as expectativas entre as partes, respeitando os limites de cada um, entre líder e subordinado.
Reconhecer os limites pessoais é uma parte crucial da integração da equipe, compreendendo que cada membro da equipe é uma pessoa única, com suas próprias necessidades, objetivos e limitações. Ao reconhecer esses limites pessoais, o líder pode criar um ambiente de trabalho saudável e produtivo, que incentiva a colaboração e o desenvolvimento pessoal e profissional de cada membro da equipe.
Os líderes podem fazer isso estabelecendo um diálogo aberto e transparente com cada membro da equipe. Isso pode ser feito por meio de reuniões individuais, feedbacks frequentes e sessões de coaching. Isso pode ajudar os líderes a entender melhor os objetivos e desafios pessoais de cada membro da equipe, bem como suas habilidades e pontos fortes.
Ao conhecer essas informações, o líder pode trabalhar com cada membro da equipe de forma individualizada, oferecendo suporte e orientação para ajudá-los a atingir seus objetivos e a se desenvolver profissionalmente. Isso também pode ajudar a entender os limites pessoais de cada membro da equipe, incluindo suas necessidades de tempo, espaço e individualidade.
Ao mesmo tempo, é importante reconhecer que a equipe como um todo tem objetivos comuns e que é necessário trabalhar em conjunto para alcançá-los. É papel do líder, incentivar a colaboração e a comunicação aberta entre os membros da equipe, estabelecendo metas e expectativas compartilhadas e encorajando a participação ativa em projetos e atividades em grupo.
O ambiente de trabalho é um ambiente de troca, literalmente a empresa compra, paga por um capital intelectual ou competências e habilidades técnicas e comportamentais por determinado período (horário de trabalho) e tem a exclusividade durante aquele período.
O contrário desse entendimento, facilmente penderá para excessos de controle, toxicidade, invasão de privacidade e outras atitudes não saudáveis que desencoraja a integração, gera atritos, resistência pessoal, divisão de opiniões (isso porque sempre haverá um certo nível de conformidade, mesmo nesses ambientes), e porque não dizer, que isso repele o senso pertencimento, castra a criatividade e a espontaneidade e limita por demais o engajamento da equipe.
E para concluir, ao criar um ambiente de trabalho que respeite os limites pessoais, enquanto promove a colaboração e o trabalho em equipe o líder cria um time mais integrado e produtivo.
Atentar para esses detalhes, aparando as arestas do excesso de controle, pode levar a um ambiente de trabalho mais saudável e equilibrado, onde os membros da equipe se sintam valorizados e respeitados, portanto, motivados para trabalhar juntos em direção a objetivos comuns.
Compete ao líder, assegurar um ambiente saudável, pelo menos no que tange aos relacionamentos interpessoais e garantia de um ambiente adequado para o trabalho, sem excessos onde ele próprio não protagonize o rompimento com a civilidade e consideração aos colegas. Pense nisso!